27 fevereiro 2005
Astronomy
É curioso olhar para uma revista tão antiga. O número de Fevereiro de 81 da Astronomy traz o Saturno na capa. A revista dedica 13 páginas à passagem da Voyager 1 por Saturno. Mas o que eu mais gosto de ver nestes números antigos é a publicidade. Logo a abrir a revista 2 páginas inteiras de publicidade da Meade. A marca tinha lançado há pouco tempo os seus primeiros SCTs. Um modelo de 20 cm de diâmetro e outro de 4 cm. A publicidade impressiona e sei que começou logo aqui o sucesso da marca nesta gama de telescópios. É uma publicidade bem cuidada com bom aspecto gráfico e fotográfico. Na última página, um modelo e uma marca que já não existem: o Dynamax 8. Um belo Schmidt-Cassegrain, já extinto. E na contracapa o C8 laranja da Celestron, que mudou de cor (para preto) em 84. Mas em duas décadas de evolução pouco mudou nestes telescópios. A óptica é a mesma, embora o tratamento dos espelhos com camadas mais reflectoras tenha melhorado muito a transmissão da luz. De resto, a grande diferença está na electrónica. O GPS, a possibilidade de apontar automaticamente e outras pequenas minhoquices, são a principal diferença dos actuais SCTs em relação aos seus antepassados. Mas olhar para trás, para o tempo em que tudo andava mais devagar, em que a informação demorava a chegar, em que a astronomia era uma sombra do que é hoje é realmente curioso. É o regresso à infância, aos tempos da inocência, aos tempos em que a astronomia não existia em Portugal, aos tempos em que a ignorância era grande. Quantas pessoas liam a Astronomy em 1981, em Portugal? E a Sky and Telescope? Quantos acompanhavam de perto a odisseia das Voyager? Quantos tinham um telescópio em casa? Em vinte e poucos anos tudo mudou. Hoje a astronomia circula como nunca. Qualquer um pode comprar a Astronomy. Qualquer um pode comprar um telescópio no supermercado. Qualquer um pode ir à net ver as últimas notícias. Qualquer um pode frequentar um curso de astronomia como aqueles que eu faço. Já ninguém liga ao passado. Só os mais saudosos como eu, é que se vão lembrando destas coisas. Para que a memória não se apague. Para que a memória permaneça.
 
posted by Jose Matos at 19:48 | Permalink |


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