06 novembro 2006
Astronomia portuguesa
Sou de um tempo em que Astronomia portuguesa era uma sombra. Uma coisa parada no tempo e no espaço. Há 15-20 anos publicava-se pouco e o que se publicava poucas citações tinha. As ligações e cooperações a nível internacional eram reduzidas e as pessoas viviam fechadas no seu pequeno mundo. Em 1990, Portugal assinou um acordo de pré-adesão ao ESO. A partir daí tudo começou a mudar. Começou a surgir dinheiro para projectos, as ligações a nível internacional aumentaram e a formação a nível de doutoramento e pós-doutoramento ganhou uma energia que não tinha. Toda esta dinâmica culminou em 2000 com a adesão de Portugal ao ESO.

Mas esta evolução vertiginosa gerou expectativas que em muitos casos foram defraudadas. Muita gente formada em Astronomia acabou em universidades e institutos politécnicos a dar Física e Matemática, fazendo pouca investigação. E outros acabaram em situações precárias de emprego com bolsas de pós-doutoramento. Portanto, continuamos a ter falta de estruturas e de grupos em Astronomia que absorvam os nossos astrónomos. Continuamos também a ter um défice grande em Astronomia Observacional e Instrumental e os bons investigadores acabam muitas vezes por ir lá para fora e ficar lá.

Portanto, estamos longe da estabilidade. E como pode ver pelas discussões no fórum dos bolseiros, há muita gente céptica quanto ao futuro.
 
posted by Jose Matos at 18:46 | Permalink |


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