As novas medidas que o Ministério da Ciência anunciou para captar cientistas portugueses no estrangeiro são realmente muito interessantes para deixar tudo na mesma. A ideia é atrair cientistas que estejam lá fora com um complemento para despesas de investigação. Só que para ter direito a isso, o cientista tem que ter publicado 100 artigos científicos em revistas internacionais referenciadas nas bases de dados do Instituto para Informação Científica (ISI) nos EUA, e ter 200 citações em trabalhos de outras equipas de investigação. Ou, em vez disso, ter supervisionado pelo menos dez doutoramentos já concluídos e publicado 50 artigos em revistas referenciadas no ISI e ter 100 citações. Ora, um cientista que já tenha publicado 100 artigos científicos está bem da vida e de certeza que não precisa de regressar para Portugal. Com 100 artigos e 200 citações deve estar numa boa universidade com boas condições e não precisa de vir para cá. Portanto, vamos continuar na mesma com dificuldades em fixar os jovens investigadores que publicaram 20 ou 30 artigos e que precisam de incentivos para continuar cá e a não ter cá os outros que estão lá fora, mas não preenhem o critério dos 100 artigos. Como disse o Maarten Serote do OAL ao Público, estamos perante "uma piada de mau gosto". Já agora convém dizer que um bom investigador na área da astronomia publica uma média de 5 a 6 artigos/ano. Mas vamos fazer a conta para uma média de 5 artigos/ano. Isto dá 20 anos para publicar 100 artigos. Com 20 anos de carreira quem é que se vai dar ao trabalho de vir para Portugal?
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