04 junho 2004
As palavras certas II
Astrónomo exclui hipótese de luzes brancas serem reflexo de satélite

O astrónomo José Matos excluiu hoje a hipótese por si levantada de que o fenómeno luminoso avistado em Portugal terça-feira à noite seria o reflexo de um satélite, considerando intrigantes os registos da Força Aérea e as imagens captadas.

A teoria de José Matos, que o próprio avançou à agência Lusa na quarta-feira, tinha por base a consulta de um site internacional com informação sobre todos os satélites na órbita da Terra e as previsões para o seu avistamento.

No entanto, as imagens do fenómeno recolhidas por vídeo amador e transmitidas quarta-feira refutam a hipótese de as luzes brancas e intensas testemunhadas em vários pontos do país terem sido o reflexo dos painéis solares dos satélites Iridium, reconheceu hoje José Matos à Agência Lusa.

"Perante as imagens não podemos dizer que foi o satélite porque nunca faria aquele efeito. Parece uma espécie de bólide ou meteoro", disse, ponderando a possibilidade de se tratar de "lixo espacial", uma partícula que reentrou na atmosfera da Terra.

Só que, segundo o astrónomo, "não havia qualquer previsão de reentrada deste tipo de objectos", catalogados a nível internacional, nomeadamente pelo Comando de Defesa Aeroespacial norte-americano.

"Ninguém estava à espera, mas é uma hipótese, pode ter sido uma partícula de lixo espacial não catalogado", continuou.

Pelo que viu, José Matos diz que lhe "parece uma espécie de bólide, um meteoro", mas lembra as explicações do geólogo José Fernando Monteiro, da Faculdade de Ciência de Lisboa, que descartou a possibilidade, devido à ausência de ruído descrito pelas testemunhas.

Aliás, as "características estranhas e intrigantes" do objecto avistado acentuam-se perante os registos e descrições da Força Aérea.

O porta-voz da Força Aérea, Carlos Barbosa, afirma hoje ao jornal Público que os radares de defesa detectaram "vários alvos" durante dois ou três minutos.

"Entre as 23:00 e as 23:30 foram detectados alguns alvos de diferentes velocidades, altitudes e posições que duraram dois ou três minutos", sublinha a mesma fonte, acrescentando que um dos movimentos apresentou uma trajectória ascendente dos sete mil para os 30 mil pés, e outro movia-se nos 40 mil pés.

à Lusa, José Matos reconheceu que estes dados refutam, aliás, qualquer uma das hipóteses avançadas: lixo espacial, satélite ou um meteoro, sublinhando a importância de existirem imagens do fenómeno para estudar a sua origem.

"Os dados da Força Aérea acentuam o aspecto intrigante do fenómeno", disse, acrescentando que resta esperar para ver se "a NASA detectou alguma coisa" e analisar as imagens existentes do fenómeno.

José Matos afirmou ainda que as expectativas de se avistar o satélite Iridium na noite de quarta-feira, tal como tinha dito, se concretizaram, apesar de o clarão "não ter sido nada de especial".

SCS.

Lusa/Fim


 
posted by Jose Matos at 03:06 | Permalink |


0 Comments: