Quando uma estrela morre tanto pode transformar-se numa anã branca ou num pulsar como num buraco negro. Os buracos negros são os objectos mais misteriosos do Universo. Monstros famintos em lugares secretos são capazes de absorver enormes quantidades de matéria. Perceber como as estrelas morrem e o que está na origem dos buracos negros é o tema da próxima palestra na Fábrica Ciência Viva em Aveiro. Na próxima Quinta-Feira, às 21h00 na Fábrica, Rosa Doran vai falar-nos destes intrigantes objectos que resultam da morte de estrelas maciças. No final da palestra haverá uma apresentação do céu de Março feita por mim.
É curioso olhar para uma revista tão antiga. O número de Fevereiro de 81 da Astronomy traz o Saturno na capa. A revista dedica 13 páginas à passagem da Voyager 1 por Saturno. Mas o que eu mais gosto de ver nestes números antigos é a publicidade. Logo a abrir a revista 2 páginas inteiras de publicidade da Meade. A marca tinha lançado há pouco tempo os seus primeiros SCTs. Um modelo de 20 cm de diâmetro e outro de 4 cm. A publicidade impressiona e sei que começou logo aqui o sucesso da marca nesta gama de telescópios. É uma publicidade bem cuidada com bom aspecto gráfico e fotográfico. Na última página, um modelo e uma marca que já não existem: o Dynamax 8. Um belo Schmidt-Cassegrain, já extinto. E na contracapa o C8 laranja da Celestron, que mudou de cor (para preto) em 84. Mas em duas décadas de evolução pouco mudou nestes telescópios. A óptica é a mesma, embora o tratamento dos espelhos com camadas mais reflectoras tenha melhorado muito a transmissão da luz. De resto, a grande diferença está na electrónica. O GPS, a possibilidade de apontar automaticamente e outras pequenas minhoquices, são a principal diferença dos actuais SCTs em relação aos seus antepassados. Mas olhar para trás, para o tempo em que tudo andava mais devagar, em que a informação demorava a chegar, em que a astronomia era uma sombra do que é hoje é realmente curioso. É o regresso à infância, aos tempos da inocência, aos tempos em que a astronomia não existia em Portugal, aos tempos em que a ignorância era grande. Quantas pessoas liam a Astronomy em 1981, em Portugal? E a Sky and Telescope? Quantos acompanhavam de perto a odisseia das Voyager? Quantos tinham um telescópio em casa? Em vinte e poucos anos tudo mudou. Hoje a astronomia circula como nunca. Qualquer um pode comprar a Astronomy. Qualquer um pode comprar um telescópio no supermercado. Qualquer um pode ir à net ver as últimas notícias. Qualquer um pode frequentar um curso de astronomia como aqueles que eu faço. Já ninguém liga ao passado. Só os mais saudosos como eu, é que se vão lembrando destas coisas. Para que a memória não se apague. Para que a memória permaneça. 







