Quando olho para a fotografia não sinto nada de especial. Parece que o seu anúncio não me espantou. É que já era uma fotografia conhecida. Já era um candidato suspeito. Mas agora confirmou-se. É mesmo a primeira foto de um planeta extra-solar.
O 2M 1207b (estranho nome para um planeta) anda a 230 anos-luz da Terra à volta de uma anã castanha. Tem cinco vezes a massa de Júpiter e mostra que as anãs castanhas também podem ter companheiros. Mas o mais importante é que sua imagem permite estudar muita coisa no próprio planeta. Aquela bolinha de luz está cheia de informação. Mas não é uma imagem ícone como outras que existem em astronomia. Nem os astrónomos que o descobriram ganharão a notoriedade merecida (quem é que conhece o Gael Chauvin?). Por isso, sabe a pouco e não tem aquele efeito surpresa. Pensei tantas vezes nisto. Neste momento, em que poderia mostrar a imagem de um planeta extra-solar e agora não sinto nada. Nem um pouco de alegria. Mas há aqui nesta descoberta uma nova fronteira quebrada. Um dia teremos imagens de planetas com a massa da Terra. Um dia saberemos como serão as outras Terras.
Um pequeno comentário sobre os autores da descoberta. São quase todos franceses e os franceses devem estar neste momento orgulhosos de terem sido os primeiros a fotografar um planeta extra-solar. Já estou a imaginar as revistas francesas de astronomia daqui a um mês. Vão desdobrar-se em entrevistas. Vão enaltecer os autores da descoberta. E o Gael Chauvin deixará o anonimato para passar a ser uma estrela do firmamento francês.
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