06 junho 2005
Almateia
Além da Terra, outros planetas também possuem luas que os acompanham nos seus caminhos siderais. Algumas das maiores andam à volta de Júpiter e têm os nomes de: Io, Europa, Ganimedes e Calisto. Sabe-se que são praticamente todas diferenciadas interiormente com a excepção de Calisto. De facto, todas elas apresentam núcleos metálicos rodeados por uma camada de rocha com a única excepção de Calisto. Em Io, a camada rochosa entende-se mesmo até à superfície, enquanto que em Europa e Ganimedes, a mesma camada está rodeada por uma outra camada de gelo ou mesmo de água líquida. Ao contrário dos restantes, Calisto apresenta uma mistura de gelo de água e rochas sem um núcleo distinto. Mas porque razão existem estas diferenças?

Certamente porque estes quatro satélites não são todos iguais em termos de composição. De facto, à medida que nos afastamos de Júpiter, constatamos uma redução gradual da densidade média de cada lua, um indicador de que no interior de cada uma, os compostos de gelo vão ganhando terreno em relação ao material rochoso. Ora, se há menos rochas também há menos elementos radioactivos e, por isso, menos calor para activar processos internos. Esta tendência também se observa à superfície, nomeadamente no caso de Calisto, que apresenta uma superfície carregada de crateras, conservadas muito provavelmente desde os primeiros tempos em que o satélite se formou.

Isto significa que Calisto nunca teve calor interno suficiente para desencadear processos de reciclagem da crusta. Uma situação que já não se observa nas restantes três luas, que apresentam marcas nítidas de actividade geológica. Mas o que levou a esta situação? A resposta reside no facto de Júpiter e suas luas serem no fundo um pequeno império dentro do império solar. E da mesma forma que o Sol com o seu aquecimento inicial determinou a diferente composição química dos planetas, Júpiter deve ter feito o mesmo quando se formou, ou seja, provocou também uma zonagem química à sua volta afastando as partículas de gelo para longe.

Mas descobriu-se agora que há uma pedra neste belo cenário chamada Almateia. É uma lua interior e descobriu-se que possui uma densidade inferior à da água. Ora estando mais perto de Júpiter do que Io, como é que isto é possível? Será que se formou ali ou migrou para lá? Um mistério por resolver.

 
posted by Jose Matos at 18:43 | Permalink |


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