14 agosto 2005
Alto Minho
Conheço mal o Alto Minho. Conheço mal aquelas terras metidas na serra da Peneda, onde estive este fim-de-semana. Mas no Verão, não parecem tão agrestes como no Inverno. As pessoas que vivem por lá ainda labutam na terra de sol a sol, mas muitos emigraram ou foram para as cidades e só os velhos ficaram para trás. A Peneda hoje é turismo e foi praticamente nessa qualidade que fui até lá, pois a Astrofesta decorreu em Lamas de Mouro.

As portas de Lamas de Mouro marcam a entrada no Parque da Peneda. A câmara de Melgaço investiu no local nos últimos anos e construiu uma zona muito agradável com instalações fixas para recepção e orientação dos visitantes. O complexo é recente (foi inaugurado há pouco mais de um ano) mas tinha de facto boas condições para acolher uma Astrofesta. Acho que quem esteve por lá notou isso e gostou do local.

Aproveitei também para conhecer Castro Laboreiro, antigo concelho medieval, onde se come bem, embora com preços pouco amigáveis. Lá no cimo de uma rocha nota-se ainda as ruínas da velha fortaleza que vigiavam noutros tempos os espanhóis ali ao lado. Castro Laboreiro ainda é um aldeamento serrano, mas nota-se ali e acolá alguma pressão para construir.

Fique num hotel magnífico encostado ao santuário da Senhora da Peneda. O hotel e o santuário estão metidos numa garganta e a serra por cima deles é imponente. Agora no Verão não faltam por lá visitas.Dizem que a virgem apareceu por ali a uma pastora. Enfim, a aparição do costume.


Mas eu não estava ali para turismo, mas sim para a Astrofesta. As noites são frias mesmo agora com os dias quentes. Mas mesmo em Lamas de Mouro já se nota o clarão de luz Melgaço. Apesar de tudo é um sítio interessante para observar e foi isso que fiz na Sexta à noite. Lá estive um bom bocado a conversar no escuro e a espreitar pelos telescópios disponíveis. Não eram muitos, mas conheci observadores que nunca tinha visto noutros encontros. Ontem, já não. Estive todo o dia entretido nas palestras e acabei a noite de madrugada a palestrar. O auditório esteve sempre cheio, mesmo quando o sono já era muito. Quando fui para a observação já não restava quase nada. Meti-me no carro e voltei para o quentinho do hotel.

E foi assim a minha incursão ao Alto Minho. Agora há uma coisa que é indisfarçável nestas terras minhotas. O isolamento, a solidão está por todo o lado. Quem vive lá já se habituou, mas quem vai de fora nunca se habitua e custa-lhe perceber como é que se vive ali. Mas espero um dia lá voltar.

P. S. A foto do santuário é do Carlos Romão autor da Cidade Surpreendente e outros blogues interessantes.
 
posted by Jose Matos at 20:10 | Permalink |


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