Para quem não conhece era uma presença regular na RTP de outros tempos comentando assuntos de astronomia e exploração espacial. Eurico da Fonseca tinha o antigo Curso Industrial de Mecânica de Automóveis, mas desde cedo começou a interessar-se pelo espaço e a comentar o assunto em jornais e rádio. Em 58 teve um convite para o Centro de Estudos Astronáuticos do Ministério da Educação, depois mais tarde entrou para o Centro de Estudos Especiais da Armada onde esteve envolvido no desenvolvimento de foguetes.
Mas manteve sempre a sua actividade de divulgador e foi nessa função que o conheci já no início dos anos 90 num encontro de astronomia em Coimbra. Era uma pessoa simples, cheia de histórias e com uma grande bagagem na área espacial. Afinal viveu o tempo em que tudo começou. Acompanhou tudo na época e até ao final da vida.
Mas a maior memória que guardo dele é obviamente da RTP. Num tempo em que mais ninguém falava do assunto a presença dele era frequente e fixava os espectadores. Foi ele que comentou a Apollo 11 num directo memorável e fascinante naquele tempo. Já não vivi esse tempo, mas às vezes tenho pena. Faço hoje o mesmo que ele, mas numa escala maior, que é o andar de escola em escola a falar do espaço. Mas na altura quando o via nunca pensei. Que um dia pudesse também estar ali no ecrã a fazer o mesmo.
Não como é que andar de escola em escola constitui uma "escala maior" do que a aquela em que se movimentava Eurico da Fonseca, uma voz conhecida e respeitada em todo o país, que tinha acesso à TV, à Rádio e era cronista regular na imprensa.
Enfim presunção e água benta, cada um toma a que quer.