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2- O discurso de ontem do actual presidente já podia ter sido feito há mais tempo. Se Bush tivesse uma visão clara sobre o Espaço desde que foi eleito já a teria certamente anunciado. Por isso, parece-me que este anúncio insere-se no actual contexto pré-eleitoral e é um anúncio que tenta dar um novo alento à exploração espacial depois do desastre do Columbia. Insere-se igualmente numa preocupação do actual Presidente em mostrar que tem uma "visão" para a América. Bush quer mostrar que tem pensamento estratégico e que sabe o que quer para o futuro da América. E nada melhor do que um regresso ao Espaço para mostrar isso.
3- Voltar à Lua para construir uma base lunar possui um custo considerável difícil de calcular neste momento, mas não é com um aumento de 5% ao ano no orçamento da NASA até 2007 e depois de 1% até 2009 que vamos lá. Acredito no desenvolvimento de novas missões robóticas até 2010 e para isso o dinheiro vai dar, mas terá que haver na próxima década um aumento significativo no orçamento da NASA para atingir a Lua até 2020 e para desenvolver um novo veículo para missões tripuladas.
E a esta distância isso parece-me muito difícil. Convém lembrar que já não estamos no tempo da Guerra Fria que motivou as missões Apollo e que deu à NASA orçamentos fabulosos. Tudo isso acabou. Por isso, será muito difícil manter uma política destas a longo prazo ainda, por cima, num país com um défice excessivo e envolvido numa luta contra o terrorismo sem fim à vista, que absorve grandes recursos financeiros.
4- Os desafios de uma viagem a Marte são enormes e é nesse campo que os EUA devem concentrar os seus esforços. Neste capítulo o discurso de Bush é positivo, embora muito vago. Acho que teria sido melhor se apresentasse um plano mais detalhado para uma missão tripulada a Marte e quais os passos que devem ser tomados para lá chegar.
5- O anúncio deste tipo de planos devia ser feito em anos não eleitorais para lhes dar uma maior credibilidade. É inevitável que o seu anúncio numa altura destas provoca desconfiança e é encarado como propaganda pré-eleitoral.
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