30 setembro 2004
Cada vez mais perto
O SpaceShip One está prestes a vencer o Prémio X, um prémio que visa premiar o primeiro voo que consiga, por duas vezes, atingir os cem quilómetros de altitude, completando um voo suborbital, com o peso de três pessoas a bordo. Ontem o primeiro voo correu bem e o próximo está anunciado para Segunda-Feira. Vamos ver se corre bem.

 
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28 setembro 2004
Atrasos
É triste continuarmos a ver atrasos nos pagamentos dos nossos compromissos com organizações internacionais. O caso do CERN já começa a cansar. Com a devida vénia aqui fica a notícia escrita pela Teresa Firmino que saiu hoje no Público.


Portugal Pode Perder a Face no Maior Laboratório de Física de Partículas

Por TERESA FIRMINO

Portugal não está a cumprir os acordos financeiros com o Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN), na Suíça. Não paga as quotas anuais, como devia fazer por ser um dos 20 países-membros. Não paga às equipas portuguesas para construírem componentes de duas experiências do futuro acelerador de partículas da Europa - o Large Hadron Collider (LHC), o mais potente do mundo, que deverá funcionar em 2007. E não paga as verbas dos projectos de investigação ligados ao CERN, através de concursos abertos em Portugal pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT). Nos 18 anos de adesão, nunca se viveu uma situação assim, diz a física Paula Bordalo, nas vésperas do CERN cumprir 50 anos de vida.

Os incumprimentos podem ter várias consequências, alerta a professora do Instituto Superior Técnico (IST) e investigadora do Laboratório de Instrumentação e Física Experimental de Partículas (LIP), em Lisboa. Para já, Portugal vai ter de pagar juros pelas quotas em atraso de 2003. Caso não sejam pagas também as quotas de 2004 até ao fim do ano, o país perderá o direito de voto no Conselho do CERN, o órgão de decisão máxima. É o que acontece quando se falha o pagamento por dois anos.

A humilhação nem será o pior. "O não pagamento das quotas traduz-se numa consequência mais grave: a impossibilidade das indústrias portuguesas participarem em concursos do CERN para projectos de construção e manutenção das suas infra-estruturas. Nestes concursos, Portugal tem obtido um grande retorno do investimento", diz a investigadora. "Tirando a parte humilhante, há a parte económica, que devia alertar o Governo."

A adesão de Portugal ao CERN, em 1986, permitiu às empresas concorrer em vários domínios. "Para a construção do futuro acelerador LHC, Portugal tem tido um retorno económico muito positivo. Várias empresas têm sido contratadas, nas áreas da engenharia mecânica e metalúrgica, novas técnicas de soldadura ou informática."

No acordo de adesão, Portugal teve condições vantajosas. Em vez de pagar a quota integral, em 1986 só pagou dez por cento e investiu o restante em Portugal; em 1987 só pagou 20 por cento e investiu 80 por cento e assim por diante, até 1995, em que já pagou a totalidade. Comprometeu-se a gastar o dinheiro das quotas em infra-estruturas, na formação de recursos humanos e no apoio à participação em projectos de investigação e desenvolvimento.

Assim, criou-se o Fundo CERN, para abrir todos os anos um concurso para projectos de investigação, explica Paula Bordalo, coordenadora do grupo português em duas experiências, a Compass e a NA50. Com essas verbas, as equipas pagam as despesas de participação nas experiências, como deslocações para recolher dados e fazer testes no CERN, ou para reuniões com todos os participantes. "As reuniões são fundamentais. Temos de ouvir o trabalho dos outros grupos e os outros têm de ouvir o nosso, senão somos postos de parte." Estas verbas contribuem ainda para um fundo comum de cada experiência, do qual se compra de material.

"Este ano não pingou um tostão"

"Todas estas verbas estão a faltar. sem dinheiro, não podemos assumir compromissos." Há dias, Paula Bordalo recebeu um E-mail do responsável geral da Compass a perguntar quando pagava a contribuição de 2004 para o fundo comum da experiência. "Para um estrangeiro, é inconcebível que, no último quadrimestre do ano, ainda estejamos à espera de receber as verbas dos orçamentos desse ano e cuja atribuição foi oficializada."

De facto, em Setembro ou Outubro, abre o concurso Fundo CERN relativo ao ano seguinte. Avaliados os projectos, por peritos internacionais, e divulgados os resultados pela FCT, as equipas costumam assinar os contratos em Janeiro e, aí, recebiam metade das verbas. Entre Junho e Outubro, recebiam mais 40 por cento e, após o fecho das contas, recebiam, entre Janeiro e Março do ano seguinte, os restantes dez por cento.

Os problemas começaram em 2002: nenhuma equipa recebeu os últimos dez por cento, denuncia Paula Bordalo. "A FCT não cumpriu o compromisso e não sabemos quando pagará o que falta." Para o concurso de 2003, só em Março ou Abril desse ano a FCT divulgou a avaliação: "E apresentou o contrato com a limitação de não poder ser retroactivo a Janeiro, contrariamente ao que o edital de Setembro anunciava", diz.

"A investigação não se pode fazer em 'part-time'. Não pode parar três a quatro meses, em que se deve continuar a colaborar com os colegas estrangeiros e continuar com os recursos humanos (estudantes de doutoramento ou pós-doutoramento). Tivemos de suportar um buraco orçamental de três ou quatro meses." Só uma parte das equipas recebeu a segunda prestação de 2003. "Tudo indica, por haver pagamentos em atraso, que não será tão depressa que receberemos a última prestação."

O concurso de 2004 não correu melhor. "O painel de avaliação só reuniu em Março!" Desde Junho, quando se divulgaram os resultados, com cortes de 30 por cento face a 2003, que as equipas esperam receber o contrato final. "Este ano não pingou um tostão. A situação está a tornar-se insustentável. É impossível dar continuidade aos projectos."

Jovens portugueses, a analisar dados das experiências para as teses de doutoramento, não puderam apresentar os resultados em conferências internacionais. "O trabalho que desenvolveram foi apresentado por outros. É uma pena", diz Paula Bordalo, perguntando para que serve gastar dinheiro no CERN se depois os cientistas não podem exercer as suas actividades normais.

O mesmo lamenta o físico João Seixas, do IST e coordenador do grupo português na experiência NA60. "A situação está a tornar-se crítica. Se o financiamento não chegar até ao fim do ano, haverá impossibilidade efectiva de continuar a trabalhar. O que é lamentável, ao fim de três anos de trabalho intensivo", alerta.

"Politicamente, a ministra da Ciência tem de dar uma solução. O ministério anda sempre a dizer que tem mais dinheiro para a ciência, para os bolseiros. Não vejo aonde", critica Paula Bordalo.

P.S. É claro que o governo diz que vai pagar tudo.
 
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No rasto do Spirit
É espantoso que uma sonda em órbita de Marte consiga fotografar o rasto de um rover na superfície. Mas foi isso o que a Mars Global Surveyor fez com o Spirit. Apanhou-lhe o rasto lá em baixo quando ele estava perto da cratera Bonneville.

 
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Toutatis
É um encontro intímo com a Terra aquele que o asteróide Toutatis vai ter na próxima Quarta-Feira. Quando for 2 e meia da tarde o asteróide vai passar a 1,500,000 km do nosso planeta. Parece muito, mas em termos cósmicos é pouca coisa. Não voltará a passar tão perto nos próximos 500 anos. Trata-se de um asteróide Terra-próximo com 4,6 km no seu eixo maior e caso chocasse contra o nosso planeta podia provocar a extinção de grande parte da humanidade. Alguns amadores em Portugal já o fotografaram. A imagem em baixo foi feita pelo maior radiotelescópio do mundo e mostra a sua forma de batata.

 
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25 setembro 2004
Mistificações
O livro saiu em França em Junho deste ano e provocou logo polémica. Escrito por Igor e Grichka Bogdanov, o livro não passa de uma mistificação com vários erros e afirmações sem qualquer sentido. Estes dois irmãos são conhecidos em França devido à sua participação no passado em séries de TV e há quem ache que são génios (nomeadamente eles próprios), mas o livro não é propriamente genial. Os dois irmãos são doutorados (embora as suas teses tenham sido aprovadas em polémica), mas apesar do ar académico escreveram uma autêntica mistificação. No entanto, para os mais atentos estes Bogdanov são conhecidos pelo livro “Deus e a Ciência”, onde entrevistavam o filósofo Jean Guitton e onde foram acusados de plágio pelo físico Trinh Xuan Thuan. Segundo Thuan, os dois irmãos copiaram partes do seu livro “ A Melodia Secreta”. E a acusação pelos vistos tinha algum fundamento pois foram condenados em tribunal a pagar uma indemenização a Thuan. Agora defendem a existência de um código matemático ou cósmico na altura do tempo de Planck que continha toda a informação do Universo e que teria definido este. Vamos ver se alguma editora portuguesa tem coragem para traduzir o livro, pois tem sempre interesse lermos uma mistificação. Já agora a Ciel et Espace de Outubro dedica um artigo a este assunto.

 
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24 setembro 2004
Física on-line
Um óptimo curso de física on-line com as aulas em power point para qualquer um sacar e ver.
 
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Decompondo o Arco-Íris
É um livro do Richard Dawkins que aconselho a toda a gente. Tem esta passagem excelente sobre o milagre de Fátima que hoje estive a ler. O excerto está disponível on-line aqui.

[…] nenhum testemunho é suficiente para demonstrar um milagre, a não ser que o testemunho seja de natureza tal que a sua falsidade seja mais milagrosa do que o facto que tenta demonstrar. David Hume, «Dos Milagres» (1748)

[Usarei] esta ideia de Hume no que diz respeito a um dos milagres melhor atestados de todos os tempos, um milagre que se afirma ter sido presenciado por 70 000 pessoas e recordado por algumas delas ainda vivas. Trata-se da aparição de Nossa Senhora de Fátima. Vou citar um website católico que refere que, das muitas aparições da Virgem Maria, esta é rara porque é oficialmente reconhecida pelo Vaticano:

A 13 de Outubro de 1917 estavam mais de 70 000 pessoas reunidas na Cova da Iria, em Fátima, Portugal. Tinham vindo presenciar um milagre que tinha sido anunciado pela Virgem Maria a três jovens visionários: Lúcia dos Santos e os seus dois primos, Jacinta e Francisco Marto […] Pouco depois do meio-dia, a Nossa Senhora apareceu aos três visionários. Quando estava prestes a partir, apontou para o Sol. Lúcia repetiu o gesto, emocionada, e as pessoas olharam para o céu […] Depois, uma onda de terror varreu a multidão porque o Sol parecia romper-se dos céus e esmagar as pessoas horrorizadas […] Justamente quando parecia que a bola de fogo iria cair e destruí-los, o milagre parou e o Sol reassumiu o seu lugar normal, brilhando pacífico como nunca.
Se o milagre do Sol em movimento tivesse sido observado apenas por Lúcia (a jovem que no fundo foi responsável pelo culto de Fátima), não haveria muita gente que o levasse a sério. Poderia facilmente ser uma alucinação individual ou uma mentira com motivos óbvios. O que impressiona são as 70 000 testemunhas. Será que 70 000 pessoas podem ser simultaneamente vítimas da mesma alucinação? Ou conspirar numa mesma mentira? Ou, se nunca houve 70 000 testemunhas, poderia o repórter do acontecimento safar-se ao inventar tanta gente?

Apliquemos o critério de Hume. Por um lado, é-nos pedido que acreditemos numa alucinação em massa, num artifício de luz ou numa mentira colectiva envolvendo 70 000 pessoas. Isto é reconhecidamente improvável, mas é menos improvável do que a alternativa: que o Sol realmente se moveu. O Sol que estava sobre Fátima não era, afinal, um Sol privado: era o mesmo Sol que aquecia todos os outros milhões de pessoas no lado do planeta em que era dia. Se o Sol se moveu de facto, mas o acontecimento só foi visto pelas pessoas de Fátima, então teria de se ter dado um milagre ainda mais notável: teria de ter sido encenada uma ilusão de não-movimento relativamente a todos os milhões de testemunhas que não estavam em Fátima. E isso se ignorarmos o facto de que, se o Sol se tivesse realmente deslocado à velocidade referida, o sistema solar se teria desintegrado. Não temos alternativa senão a de seguir Hume, escolher a menos miraculosa das alternativas disponíveis e concluir, contrariamente à doutrina oficial do Vaticano, que o milagre de Fátima nunca aconteceu. Além disso, não é de todo claro que nos caiba a nós explicar como é que aquelas 70 000 testemunhas foram enganadas.

Excerto retirado da obra Decompondo o Arco-Íris (Gradiva, Lisboa, 2000, pp. 161-163).
 
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23 setembro 2004
Curso on-line
Existem na net vários cursos de astronomia on-line. Em português existem poucos. Este é um dos exemplos.
 
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20 setembro 2004
Mais um cometa
Chama-se C/2004 Q2 (Machholz) e foi descoberto em finais de Agosto por Don Machholz, um grande caçador de cometas com um telescópio de 15 cm de diâmetro. Este homem descobriu 9 cometas entre 1978 e 1994, mas nos últimos dez anos não tinha descoberto mais nenhum apesar das 1457 horas de observação. Existe a previsão que lá para o fim de Janeiro se torne visível à vista desarmada com magnitude de 4. Não significa que se vá ver muito bem nas noites frias de Janeiro, mas é uma boa surpresa.

 
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Semana do Espaço
Como sempre em Outubro vai decorrer a Semana Mundial do Espaço. Qualquer pessoa pode participar. Em Portugal, o Ciência Viva apoia a iniciativa.
 
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17 setembro 2004
Planetários
O futuro dos planetários portáteis passa pelos projectores digitais. O mais interessante até agora no mercado é o Definiti PD da Sky-Skan. Custa 60 mil euros, mas vale a pena para quem tiver dinheiro para tal compra.
 
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15 setembro 2004
Astronomia à distância
Para quem gosta de astronomia à distância como eu há novidades na Universidade de Lancashire.
 
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Esquecidos
Eu sei que muita gente já não se lembra deles. Mas eles lá continuam em Marte a trabalhar. Portanto, passem por lá para ver como eles estão.
 
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09 setembro 2004
O vício de acreditar
"O próprio princípio da convicção religiosa é para mim nefasto (...). Prefiro acreditar na autodeterminação, no sentido em que todo o culto tende a privar o indivíduo das suas faculdades intuitivas mais elementares. A ideia de que um livro escrito há dois mil anos possa servir, ainda hoje, de modo de emprego existencial parece-me estranha, até despropositada."

Bjork
 
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08 setembro 2004
Genesis II
A captura da cápsula da Genesis falhou. O pára-quedas não abriu. Esperemos que a carga lá dentro não tenha sofrido nada. Temos que esperar agora que as amostras sejam levadas para um laboratório para ver se houve ou não contaminação das mesmas pelo ar terrestre. Mas dá pena ver aquilo ali despenhado.

 
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07 setembro 2004
Genesis
A sonda Genesis está de regresso à Terra devendo amanhã libertar uma pequena cápsula com partículas do vento solar. A sonda andou 27 meses pelo espaço a capturar partículas atómicas do Sol, que nos podem dizer com uma precisão fabulosa qual é a composição química da nossa estrela. Ora como o Sol conserva a sua composição inicial, esta recolha de partículas também nos dá acesso à composição química original do sistema solar. Portanto, uma verdadeira chave para o passado. A Genesis foi lançada em Agosto de 2001. No dia 3 de Dezembro de 2003, deu início à sua missão num ponto gravitacional conhecido como L1, situado entre a Terra e o Sol. Em Abril deste ano, o material colectado foi guardado dentro de uma cápsula e a sonda regressou à Terra.
A cápsula vai ser libertada amanhã, quando a sonda passar perto da Terra. Depois de passar pela atmosfera a cápsula terá ajuda de um pára-quedas e de uma espécie de planador para diminuir a sua velocidade de descida. Só que não vai chegar a tocar no solo. Antes disso, será apanhada em pleno ar por um helicóptero preparado para o efeito. O objectivo é impedir que a cápsula, que pesa cerca de 200 kg, chegue a ter contacto com a superfície terrestre e se danifiquem as amostras de vento solar que a Genesis recolheu na sua viagem de dois anos e meio, segundo a NASA. Apesar desta técnica de captura ser usada pela primeira vez numa missão espacial, ela já foi usada no passado várias vezes pelos militares norte-americanos para resgastar filmes que eram ejectados de satélites espiões. A Genesis, entretanto, vai continuar a sua trajectória até entrar numa órbita em torno do Sol.


 
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06 setembro 2004
Origens
Desde a aurora da civilização que observamos o céu e que tentamos compreender o seu mistério. Por que razão existem estrelas? Por que razão algumas são vermelhas? Qual o significado das manchas difusas que vemos em algumas zonas do céu? De que é feito o Cosmos? Como apareceu tudo isto? Como é que estamos aqui? A procura destas respostas tem sido a essência da astronomia. E a busca leva-nos ao princípio do tudo, ao começo da nossas origens. É uma busca antiga aquela que vou fazer a partir de Outubro com o curso Origens. De uma forma simples e acessível vamos tentar compreender as nossas origens viajando até ao início do Universo, aos primeiros átomos, às primeiras estrelas, à formação do nosso próprio sistema solar e ao princípio da vida. Será uma longa jornada na esperança de compreender alguns dos mistérios mais profundos do Universo, desde as partículas elementares até aos grandes enxames de galáxias. Para o fim, ficará a origem da vida e sua possível existência noutros locais do Universo.
 
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03 setembro 2004
Saturno às cores

 
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02 setembro 2004
Manipulações
A descoberta de planetas extra-solares sempre foi um campo muito competitivo, onde os americanos sempre deram tudo por tudo para serem melhores que os europeus. E ainda hoje sempre que descobrem qualquer coisa fazem um barulho enorme e anunciam a descoberta como se fosse uma grande novidade. Foi o que aconteceu com a descoberta de dois planetas extra-solares com massas semelhantes à de Neptuno. O press release da NASA começa assim: “Astrónomos anunciaram hoje a primeira descoberta de uma nova classe de planetas para além de nosso sistema solar (...). Os planetas compõem uma nova classe de planetas extra-solares do tamanho de Neptuno”. A parte final está correcta, pois trata-se da primeira detecção de planetas com a massa de Neptuno, dado que um deles tem 18 massas terrestres e Neptuno tem 17.2. Mas a parte inicial é uma verdadeira manipulação. É que ainda há uma semana atrás uma equipa chefiada pelo nosso Nuno Santos tinha descoberto um planeta extra-solar com 14 massas terrestres, ou seja, do tipo Urano. Os dois novos planetas descobertos são ligeiramente mais maciços, mas é provável que se enquadrem na mesma classe do planeta descoberto pelo Nuno Santos, embora seja ainda cedo para dizer isso, dado que não conhecemos bem em que estado se encontram. Mas há aqui uma tentativa nítida de ofuscar a descoberta europeia e de tentar manipular a importância destas novas detecções. E quem faz isto sabe o que está fazer, pois trata-se de um press release para jornalista ler. E estou mesmo a ver muitos jornalistas incautos e inocentes por esse mundo fora a fazer notícias sobre o assunto baseados numa manipulação descarada. Custa-me também ver os astrónomos envolvidos nas descobertas metidos neste triste jogo de meias-verdades. Deviam ter um pouco de decoro e não participar no jogo. Mas parece que não se importam e gostam certamente de ter o seu momento de glória. De dizer umas coisas para a TV, umas entrevistas para os jornais. Os 5 minutos de fama.
 
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