29 novembro 2004
E depois de 2006?
Custa dizer isto, mas este governo não ficará muito conhecido pelas obras que fez na ciência. Os dois primeiros anos foram de escassez com quotas em atraso ao ESO e ao CERN, com problemas de financiamento a vários níveis, com institutos a fechar por questões financeiras, com regressão na divulgação científica, com crispação entre cientistas e governo. A ministra lá foi dizendo que a culpa era do PS que devido a irregularidades administrativas tinha levado a que a Comissão Europeia congelasse os fundos para a ciência. É um facto que isso aconteceu, mas levar dois para clarificar a situação junto de Bruxelas também parece ser tempo demais. Entretanto, pelo caminho o governo aproveitou para reformular os programas operacionais do III Quadro Comunitário de Apoio, o que permitiu uma canalização de novas verbas para a ciência que não lhe estavam à partida destinadas. Vão caber-lhe assim 581 milhões de euros, no novo POCTI reestruturado. Diria que são boas notícias como é óbvio, mas, mesmo assim, parece que não conseguem compensar os cortes dos últimos dois anos. Daí que muita gente esteja apreensiva e à espera de ver o que acontece até 2006. Para já, a divulgação científica parece que vai voltar ao normal com o Ciência Viva a funcionar como noutros tempos e mesmo com algumas novidades na FCT. Mas o que me preocupa mais é depois de 2006 com o fim do III QCA. Por exemplo, a Região de Lisboa e Vale do Tejo, vai deixar a partir dessa data de ser financiada pelo QCA. E só nesta região está metade da comunidade científica. Como é que vai ser depois? E como é que vai ser quando as verbas para a ciência diminuírem no IV QCA? Vai o governo investir mais na ciência para compensar a perda? As dúvidas são mais que muitas e os próximos dois anos podem apenas ser uma calmaria antes da tempestade que se avizinha. Portanto, aproveitem enquanto dura. Isto se não houver eleições antecipadas.
 
posted by Jose Matos at 15:58 | Permalink |


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