O Observatório Astronómico de Coimbra (OAUC) devia ser como todos os observatórios localizados em cidades, uma instituição voltada para a cidade e para o público em geral. Possui uma biblioteca de grande valor, um espólio científico muito interessante e instalações que podiam ser melhor aproveitadas para esse fim. A investigação que se faz resume-se ao grupo de Física Solar e de Física Estelar, embora as publicações nesta área se resumam praticamente a um único investigador (João Fernandes), o que mostra que a investigação é muito reduzida centrando-se apenas numa única pessoa. Quando falo de investigação refiro-me obviamente a artigos publicados em revistas de referência. Seria obviamente possível desenvolver esta área se houvesse uma aposta clara na investigação com mais investigadores e melhores meios técnicos, mas esse não parece ser o caminho escolhido. Há décadas que o OAUC definha sem um projecto mobilizador e com a estranha sensação de que a falta de iniciativa se tornou a linha de acção dominante. Com a investigação tolhida pela falta de meios e de pessoas, havia uma outra parte que podia ser desenvolvida com menores custos que era a divulgação científica da astronomia. Mas também aqui todos parecem acomodados à situação reinante e tirando iniciativas pontuais no passado (como compra de um planetário portátil; Astronomia no Verão ou conferências) nunca houve um projecto coerente e contínuo no tempo que tornasse o observatório uma instituição aberta à cidade e ao público em geral. E com a passagem até ao fim desta década do espólio científico do OAUC para o futuro Museu das Ciências de Coimbra, as possibilidades do OAUC desenvolver alguma coisa a esse nível diminuem mais ainda. Parece, por isso, que aquilo que se desenha neste momento é o fecho do OAUC. O terreno onde está instalado é valioso e acredito que mais tarde ou mais cedo venha a ser vendido para a construção imobiliária. Por isso, não lhe dou mais do que 10 anos de vida. Duvido que ainda lá esteja ou exista em 2014!
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