12 junho 2005
Atlas do Espaço
Comprei recentemente na Feira do Livro do Porto, o Atlas do Espaço, traduzido para português pela editora Terenas, mais precisamente em 2003. Quando o comprei sabia obviamente o que estava a comprar e portanto não me posso queixar muito do engano que é este livro em função do preço que custa.

Contudo, gostava obviamente de assinalar que a sua tradução para a língua portuguesa é importante e que as restantes obras da Encyclopedia Universalis, que a editora em questão tem traduzido e publicado na nossa língua, são importantes e únicas no panorama editorial português. Portanto, desse ponto de vista merecem o meu elogio.

Agora penso que a tradução e publicação do “Le Grand atlas de l'espace” da Encyclopedia Universalis devia merecer outra atenção e outro cuidado por parte da editora, o que merece obviamente a minha crítica como leitor e pessoa interessada nestas temáticas.

Em primeiro lugar, a falta de uma revisão científica é notória e também já se notava no Atlas de Astronomia, que também comprei na altura em que foi lançado em Portugal e onde constatei a existência de vários erros de tradução justamente devido ao facto de não existir uma revisão científica da obra. Calculo que o mesmo aconteça agora no Atlas do Espaço. Já sei que isso aumentaria os custos da obra, mas no caso do Atlas de Astronomia, que também foi traduzido para inglês, essa revisão existia e mesmo assim a versão inglesa era 1/3 mais barata do que a portuguesa. Sei disto porque antes da saída deste altas em português tinha comprado a versão inglesa e constatei bem a diferença de preço. Portanto, parece-me elementar que quando estamos perante obras desta dimensão certos cuidados sejam tidos em conta em termos de revisão científica, dado que se tratam de obras de referência e de preço elevado e o leitor não deve ser defraudado a esse nível.


Em segundo lugar, é o facto de que quando olhamos para o Atlas de Astronomia ou agora para o Atlas do Espaço, constatarmos a desactualização de alguns conteúdos, devido à diferença temporal de publicação entre a edição original e a edição portuguesa. Tanto num caso como noutro, esse espaço temporal anda muito próximo dos 15 anos, o que é manifestadamente um exagero para obras com este valor. É que a editora optou tanto num caso como noutro, por publicar as obras tal e qual como na edição original. Ora a edição original no caso do Atlas do Espaço remonta em França a 1989, sendo a edição portuguesa de 2003. Ora este desfasamento de 14 anos faz com que todos os acontecimentos espaciais posteriores a 1989 não apareçam no referido Atlas e que mesmo certos projectos e missões espaciais referidos no Atlas e referentes aos finais dos anos 80 tenham sofrido alterações radicais durante os anos 90, o que altera profundamente o sentido dos conteúdos. Portanto, não é uma pequena desactualização que temos aqui, mas sim um caso mais bicudo de falta de sensibilidade editorial para um problema destes.

Ora sendo assim, a editora devia ter contactado os editores franceses no sentido de obterem uma actualização mínima dos conteúdos e que podia ser feita pelo revisor científico português com aprovação dos editores originais ou então pelos autores franceses que participaram na obra. Ora o leitor menos avisado vai comprar uma obra deste valor e quando vai a ver não tem qualquer informação útil sobre exploração espacial depois de 1989. Ora para quem compra uma obra destas em 2005, isto é obviamente frustrante e remete o livro para o rol dos livros datados tendo apenas interesse pelo período histórico que abrange. Nada mais do que isso.

Devo por isso confessar, que me custou imenso dar 250 euros por uma obra destas e o mesmo aconteceu já no passado quando comprei o Atlas de Astronomia, embora por um preço inferior a este que citei. Fiquei por isso decepcionado, pois esperava muito mais desta edição portuguesa. Só a comprei pelo valor histórico da mesma e pelo grande interesse que tenho pelo assunto, senão jamais o teria feito.

Vejo mesmo que cometeram os mesmo erros quando da tradução e publicação do Atlas de Astronomia. É pena, pois acho que estas obras mereciam mais e melhor na edição portuguesa. Como existem poucos livros sobre exploração espacial em português, a obra mesmo assim preenche uma lacuna importante, mas deixa muito a desejar pelas falhas já apontadas. Portanto, os interessados ficam já avisados. Se a comprarem já sabem o que estão a comprar. E depois não se queixem como eu me queixo agora. Já agora a obra não se vende em livrarias e só é possível de comprar através da editora.

É claro que nem tudo é mau neste livro. E o bom é mesmo a parte histórica até 1988/89. Na verdade mais até 88, pois de 89 já não fala. Mas até essa data, o livro é realmente bom tendo cerca de 400 páginas em formato grande. Tem boas ilustrações com grandes legendas e os textos são sintéticos embora digam o essencial.
 
posted by Jose Matos at 21:27 | Permalink |


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