28 outubro 2004
Titã III
Depois da espera começam a chegar as primeiras imagens nítidas de Titã. As imagens mostram regiões brilhantes e escuras claramente definidas e que podem estar cobertas por uma camada fina de material transparente ou translúcido que ninguém sabe como é que foi lá parar. Também não se vê muitas crateras, o que significa que algum processo de reciclagem da crusta apagou as crateras mais antigas. Também não há evidências de lagos de etano líquido ou outros hidrocarbonetos como é defendido em alguns modelos teóricos da superfície. Portanto, há aqui coisas confusas e misteriosas. Como alguém disse uma vez: "É um enigma embrulhado num mistério dentro de um enigma." Mas é um enigma bonito. Colorido no escuro do espaço.

 
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O meu 1º eclipse
O primeiro eclipse que vi da Lua foi também o segundo mais longo do século (o mais longo foi em 1953 e durou 104 minutos). Em 17 de Agosto de 1989, durou 98 minutos e o momento culminante foi às 4h08 da madrugada, quando o eclipse atingiu o seu máximo. Estava uma noite limpa sem uma única nuvem. Uma noite de Verão. Uma noite boa para um eclipse. Ainda não tinha telescópio nessa altura, portanto, foi apenas olhar e contemplar. Mas fiquei a pensar no telescópio toda a noite. Tanto pensei que 4 meses depois comprei um. Uma pequena luneta de 60 mm de diâmetro. Com ela vi o mesmo que Galileu, ou seja, que a Lua era feia e esburacada (mesmo assim bela). O curioso é que nunca cheguei a ver um eclipse pela luneta. Um dia acabei por vendê-la. Já não lhe dava uso. Tinha um telescópio computorizado com 200 mm de diâmetro, portanto, não precisava de uma luneta para nada. Enganei-me. Hoje fazia-me jeito para acompanhar a progressão da sombra.
 
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Eclipse da Lua
Apesar dos aguaceiros as abertas entre nuvens têm sido boas e é possível que o eclipse seja visível. Vamos ver se a espera vale a pena.


 
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27 outubro 2004
Titã
As primeiras imagens de Titã , tiradas pela Cassini na sua última passagem já estão disponíveis.
 
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Titã
A noite é vento e de espera. A Cassini vai passar perto de Titã esta madrugada e deve tirar boas imagens do satélite. Talvez amanhã já se possa ver alguma coisa. Para já fica uma imagem tirada no Domingo passado que mostra uma estrutura tipo continente a que chamaram Xanadu. É a mancha mais brilhante no centro da imagem. No entanto, não se sabe muito bem o que é? Tudo o que vemos nesta lua é misterioso. E foi preciso esperar tanto tempo para ver estes mistérios mais de perto. Mas ainda estamos no começo da exploração. Muito haverá para ver nos próximos tempos e nos próximos anos. Titã vai perdendo o seu mistério, vai-se revelando aos nossos olhos. Ainda é pouco nítido, mas há ali qualquer coisa que chama por nós. Que nos atrai. Que nos impele a mandar uma sonda lá para baixo. E quando a Huygens descer através daquelas nuvens estaremos todos atentos, a roer as unhas, à espera que tudo corra bem. E faltam só 3 meses.

 
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25 outubro 2004
Eclipse da Lua
Na próxima Quinta-Feira de madrugada vamos ter um eclipse total da Lua que é o último de uma sequência de quatro eclipses lunares sucessivos, todos visíveis em Portugal. As previsões do tempo não são animadoras, mas caso existam boas abertas será possível a sua observação. Depois deste eclipse só vamos voltar a ver outro em Portugal no dia 7 de Setembro de 2006. Este será um eclipse parcial e visível apenas durante a fase final. O próximo eclipse total da Lua inteiramente apreciável no nosso país será no dia 3 de Março de 2007. Portanto, só daqui a três anos.
 
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23 outubro 2004
Astronomia on-line
Um curso de astronomia on-line, onde é possível obter cada uma das aulas em power point. Se fosse em Portugal, ninguém fazia o mesmo com medo que alguém aproveitasse alguma coisa.
 
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22 outubro 2004
Coisas para computador
Para o vosso computador ficar mais bonito.
 
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Livros
Gosto deste livro. Trata-se da 1ª edição de 1995, mas, mesmo assim, continuo a usá-lo. Há dois anos saiu uma nova edição com um CD-ROM e tudo. Já não a comprei porque tinha este, mas tenho pena. Gostava de ter os dois. Mas como sempre na vida, não se pode ter tudo. Podem ler aqui uma crítica à obra.
 
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Poeira do tempo
Há 10 anos atrás neste mesmo dia, a lembraça da noite.

Estão acesos os obscuros
frutos.
É o espaço da noite.
As ruas ascendem por escadas verdes.
Os viajante viu de longe cintilar um dorso.

António Ramos Rosa

 
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20 outubro 2004
Satélite no supermercado
Um satélite chinês de recuperação caiu em cima de um mercado em Daying County, na China. A cápsula estava de regresso à Terra depois de passar 18 dias no espaço. Devia cair numa zona desabitada, mas parece que foi desviada por ventos fortes caindo no telhado de um mercado chinês. Felizmente não matou ninguém, mas o estrago foi grande como se pode ver na imagem.

 
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A expansão cósmica
Sabemos que o Universo está em expansão. Á medida que o tempo passa o espaço entre as galáxias vai crescendo e tudo se afasta. A constante de Hubble define essa taxa de expansão. Estimativas correntes apontam que o valor desta constante é de 73 km/s/Mpc. O que significa isto aqui no meu quintal? Bem, vamos fazer umas contas para perceber.

Bem, para facilitarmos a nossa visão do problema, vamos reduzir um megaparsec a quilómetros: 1 Mpc = 3,08 × 1019 km. Se fizermos agora uma redução para segundos para ver qual é a porção de espaço que expande em cada segundo vemos que: H = 73 (km/s) / (3,08 × 1019 km). Isto é: H = 2,3 ×10-18 s-1

Isto significa que a cada segundo que passa, o espaço fica maior: 2,3 ×10-18 vezes. É pouca coisa, mas num ano existem 31,6 milhões de segundos. Isto quer dizer que durante um ano a expansão do Universo será 31,6 milhões de vezes maior do que a fracção calculada para um segundo, ou seja, (31, 6 × 106) × (2,3 ×10-18) = 7,2 × 10-11 a-1

Ora passando isto para nanómetros podemos dizer que a constante de Hubble é = 72 (nm/a)/km. Ou seja, por cada ano que passa, cada quilómetro de espaço fica 72 nanómetros maior. Ora se eu vos disser que o tamanho de um vírus varia entre 20 e 250 nanómetros, já podem perceber que este valor é mais ou menos o tamanho de um vírus. Portanto, por aqui se percebe a razão de não sentirmos a expansão cósmica em pequenas escalas. Mas para quem pensava que ela não existe entre, por exemplo, duas casas a um quilómetro uma da outra aqui está uma prova de como estava enganado. Ou seja, para o ano uma casa que esteja a um quilómetro da minha estará um vírus mais longe. São coisas destas que aprendemos no Origens.
 
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19 outubro 2004
Mais Einstein
Outra revista com um número especial sobre Einstein. Trata-se da Ciel et Espace e só pode ser adquirido em França através do site da revista. Espero que todo este interesse à volta de Einstein ajude a divulgar a sua obra e as suas teorias. É que 100 anos depois da Relatividade Restrita o défice de conhecimento sobre a Relatividade continua a ser enorme. Quantos estudantes universitários ou professores sabem o que é a Teoria da Relatividade?
 
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18 outubro 2004
Todos em órbita
Uma excelente série em DVD agora renovada. São dois DVDs com uma viagem ao longo do ano inteiro, mês a mês, mostrando os mais variados aspectos sobre astronomia em função da cada estação do ano. Uma série excelente para fazer um curso de astronomia. Á venda em França por apenas 25 euros.
 
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Einstein
A edição francesa da Scientific American publicou um excelente dossier temático sobre as origens do Universo. Bem ilustrado e com artigos de fundo interessantes que nos dão conta das questões mais importantes sobre as origens do Universo. Igualmente interessante está o último número da edição brasileira da mesma revista. Todo o número é dedicado a Einstein e às consequências da Teoria da Relatividade. Convém lembrar que no próximo ano vamos assinalar os 100 anos de uma série de artigos de Einstein que revolucionaram a nossa forma de ver o Universo. É espantoso que num só ano, um único cientista, tenha conseguido demolir alguns dos pilares básicos da física clássica, que tinham mais de dois séculos e estabelecer uma série de novos conceitos sobre os quais ainda nos debruçamos hoje. Cem anos depois, Einstein continua a resistir a todos os ataques, embora saibamos (como Einstein sabia) que existe um problema grave de compatibilidade entre a Relatividade Geral e a Mecânica Quântica. Mas apesar desse fosso entre o infinitamente grande e o infinitamente pequeno, Einstein continua a pairar sobre toda a Física contemporânea.
 
posted by Jose Matos at 16:44 | Permalink | 0 comments
Origens na PBS
Quando pensei no Origens há cerca de um ano atrás não sabia que do outro lado do Atlântico estavam a pensar na mesma coisa. Vejo agora que a PBS passou uma mini série com o mesmo título e que foi lançado um livro a partir da série da autoria de Neil Tyson e Donald Goldsmith. Não vi a série nem o livro, mas parece-me que a ideia por trás é semelhante à minha, ou seja, contar a história do Universo desde o Big Bang até à origem da vida na Terra. E parece que os autores da série foram bem sucedidos pelas críticas que já li. Espero também ser no meu Origens. Por falar nisso, começa amanhã na Associação de Física da Universidade de Aveiro (FISUA). Parece que estão 60 pessoas inscritas, o que me deixa bastante satisfeito. E depois de amanhã será a vez de Coimbra, onde não conto com tanta gente, mas espero não ficar decepcionado.
 
posted by Jose Matos at 16:40 | Permalink | 0 comments
15 outubro 2004
Astrologia
Como tenho um site com uma secção de perguntas ao astrónomo, costumo receber, por vezes, questões interessantes que davam grandes discussões. Há pouco tempo um leitor escreveu-me por causa da astrologia. Acredita ele que existe alguma coisa de verdade na astrologia. Vamos então analisar um pouco o assunto.

Para mim, o problema da astrologia começa logo no facto das pessoas serem habitualmente de um signo mais para trás no Zodíaco. Portanto, a astrologia começa logo mal aqui. É que diz que eu sou Caranguejo por ter nascido em Julho, quando na verdade sou Gémeos. Ora muita gente que nasceu em Julho como eu anda a ler o Caranguejo e a dizer que bate certo, quando na verdade são de um outro signo diferente. Não é isto logo à partida uma grande contradição e uma falha grave na astrologia?

O meu leitor diz-me depois que a Lua influencia marés, plantas e ciclos de vida, como não aceitar a influencia de astros na vida humana se somos cerca de 70% água. Depois deve saber dos ciclos menstruais das senhoras que directamente ou indirectamente nos influenciam a nós homens.

Mais uma série de mitos. É um facto que Lua (e o Sol) fazem as marés pela influência da gravidade, mas a Lua não afecta nada o ciclo das plantas, nem o ciclo menstrual, nem nos nascimentos como se diz por aí. Quando fazemos uma associação entre as marés e outros fenómenos estamos no fundo a dizer que é gravidade que tem aí o papel principal. Ora quando nascemos, a gravidade da Lua afecta-nos é verdade, mas é apenas 9 vezes maior do que a gravidade do próprio hospital ou 230 vezes maior do que a gravidade que a nossa mãe está a fazer sobre nós. Mas a verdade é que o astro que mais gravidade exerce sobre nós ao longo da vida é o Sol cuja força gravítica sobre nós pode ser 180 vezes maior do que a da Lua. E fala-se sempre na Lua, quando o Sol é quem faz mais influência. Mas por que não experimentar beber água virados para a Lua? Será que sentimos a força da Lua a puxar-nos a água pelo esófago ou na nossa bexiga?

Depois a história do ciclo menstrual é outro mito lunar. O ciclo lunar anda na casa dos 28 dias estando próximo do ciclo menstrual das mulheres. Mas o que dizer então das mulheres que têm o ciclo fora dos 28 dias? A Lua aí já não faz nada? Mas a forma mais fácil de desmontar este mito é dizer que além dos humanos, a única espécie com ciclos menstruais são os chimpanzés fêmeas. Ora o ciclo deste animal é de 32 dias. Se fosse a Lua a regular o ciclo menstrual regulava tudo por igual, o que não acontece no caso dos chimpanzés.

Fala-se também de uma força misteriosa ou de uma energia escondida que podia estar por detrás da astrologia. Ora é estranho que tal força exista e nunca tenha sido detectada pelos nossos instrumentos. É que tudo aquilo que o nosso corpo sente (frio, calor etc...) pode ser detectado por instrumentação. Como é que há uma força que atravessa o nosso corpo e não é detectada? Nós até somos capazes de detectar neutrinos que são partículas fantasma que estão neste momento a atravessar o nosso corpo aos triliões sem nós sentirmos nada. Somos também capazes de detectar a radiação dos telemóveis que também atravessa o nosso corpo sem nós sentirmos nada. Como é que não detectamos uma força que o corpo sente, mas que não aparece em nenhum detector?

Parece-me obviamente que é tudo uma questão de fé. Mas eu também posso dizer que tenho um dragão na minha garagem. Será que alguém vai acreditar em mim?
 
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"Astronomia no Verão" passou por Albergaria
Um pequeno texto sobre o Astronomia no Verão, que pode ser encontrado no site da câmara Municipal de Albergaria-A-Velha.

Nas noites de 24 e 31 de Agosto, muitos Albergarienses estiveram com os olhos postos no céu. O "Astronomia no Verão", uma iniciativa da Associação de Física da Universidade de Aveiro, Programa "Ciência Viva" e com o apoio da Câmara Municipal, veio revelar alguns aspectos menos conhecidos do universo, bem como desmistificar alguns mitos enraizados na cultura popular.

A primeira parte do programa da noite decorreu no auditório da Piscina Municipal de Albergaria-a-Velha. José Matos, astrónomo, apresentou as diversas formas como os antigos imaginavam o universo, focando as teorias de Aristarco de Sanos, Galileu e Copérnico. Não obstante muitas visões já terem sido refutadas pela ciência moderna, José Matos referiu que muitos mitos continuam a persistir no imaginário colectivo, tais como a influência da Lua no crescimento de vegetais e no nascimento de bebés. Segundo o astrónomo, tais crenças não têm qualquer fundamentação científica, sendo meras coincidências.

Após esta breve introdução teórica, passou-se para o exterior, onde um telescópio se encontrava preparado para mostrar os encantos do céu nocturno de Agosto, tais como a superfície rochosa da Lua ou os coloridos astros Altair, Veja e Regulus. Na sua "visita guiada ao céu", José Matos aproveitou, igualmente, para mostrar a localização da estrela polar, ursa maior e o espaço onde o sol percorre os signos do Zodíaco. E dado o fascínio da maioria das pessoas por astrologia e horóscopos, foi partilhado um segredo bem guardado com o público presente. Os signos do Zodíaco foram estabelecidos há cerca de 3.000 anos mas, dado o movimento dos astros, as posições já não são as mesmas daquele tempo. Assim, em Agosto, é mais provável o sol estar em Caranguejo do que em Leão! Em tom de brincadeira, José Matos deixou um conselho: talvez fosse melhor todos darem mais atenção aos signos anteriores aos seus, pois, quem sabe, não encontrariam mais coincidências com a sua vida!
 
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14 outubro 2004
A vida no espaço
Para quem quer ver um pouco como é a vida no espaço.
 
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13 outubro 2004
Reflexões IV
A maior parte dos astrónomos, defende que o Sol e os planetas nasceram da contracção gravitacional de uma gigantesca nuvem de gás e poeira, há cerca de 5 mil milhões de anos atrás. A forma como os planetas nasceram continua a ser, no entanto, um dos grandes mistérios da astronomia moderna. Há partes do processo que são para nós desconhecidas. Ou seja, não sabemos muito bem como é que nasceu a Terra e os outros planetas, em suma, que processo é que esteve por trás de tudo?

E a descoberta de novos sistemas solares além de nosso veio trazer novos problemas às teorias sobre a origem dos planetas. Em grande parte desses sistemas, os planetas gigantes estão demasiado próximos das suas estrelas, ora tal evidência contraria a teoria padrão que temos sobre a origem do sistema solar, que nos diz que os planetas gigantes só se podem formar a uma certa distância do Sol, onde os gelos são mais estáveis.

Há quem defenda, no entanto, que os planetas podem migrar no seu disco aproximando-se da estrela que está no centro. Mas se a migração dos planetas para o interior dos discos realmente acontece, o que é que os impede de embaterem contra a estrela? O que é que os faz parar antes do choque fatal? E sendo assim, porque razão é que Júpiter não está no lugar de Mercúrio? Este é outro tema que vou debater em Origens.
 
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11 outubro 2004
Um país triste
É espantoso os péssimos sinais que temos dado na Europa a respeito dos nossos compromissos internacionais no Observatório Europeu do Sul (ESO) e no laboratório de partículas do CERN. Estamos a dois meses de ser expulsos do primeiro por falta de pagamento de quotas, uma situação lamentável e que nunca se tinha visto na Europa. Portugal deve actualmente ao ESO cerca de quatro milhões de euros e se não pagar tudo até à próxima reunião do Conselho do ESO, em 7 e 8 de Dezembro, será expulso desta organização, com a consequente proibição do acesso aos telescópios do ESO. E já agora se formos expulsos não temos direito a reivindicar qualquer devolução do dinheiro pago em quotas anuais e jóia no passado. Nos 42 anos de vida do ESO, não há memória de uma situação destas. Nem no ESO nem no CERN onde também temos quotas em atraso. Esta situação já se arrasta desde o tempo do governo de Durão Barroso e está a dar uma péssima imagem do país junto dos nossos parceiros europeus. É este o Portugal que queremos? Um país que nem sequer paga as quotas das organizações a que pertence?
 
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Reflexões III
Tudo no Universo nasce, vive e morre. As estrelas também estão sujeitas a esta lei natural e, por isso, apresentam ciclos de vida perfeitamente definidos e que são, hoje em dia, relativamente conhecidos.

A vida de uma estrela começa numa nuvem molecular escura e fria de gás e poeira, como a nebulosa de Orionte. Depois de formada entra no seu período de vida estável ou na chamada sequência principal, que pode durar mais ou menos tempo conforme a massa inicial da estrela e a sua composição química. Se a estrela for muito maciça queimará rapidamente o hidrogénio que tem no seu núcleo e durará apenas alguns milhões de anos até que o hidrogénio no núcleo se esgote completamente. Mas se for pouca maciça como o Sol dura muito mais tempo e tem uma morte mais suave.

Actualmente o Sol encontra-se a meio da vida, o que significa que ainda tem à sua frente 5 mil milhões de anos antes de começar a morrer. O Sol acabará os seus dias na forma de uma nebulosa planetária, que tem o aspecto de um disco planetário quando observada através de um telescópio, embora não tenha nada a ver com planetas. Após a formação da nebulosa fica à vista o núcleo comprimido e quente a que se chama uma anã branca. Será assim que tudo acabará por estas bandas. É pena não estarmos cá para ver. Ia ser bonito, embora pouco saudável.
 
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09 outubro 2004
Reflexões II
Grande parte do Universo é feito de coisas que não vemos nem sabemos ao certo o que é. Matéria negra e energia escura são dois termos cujo significado nos escapa ainda.

As estimativas mais recentes indicam que 70% do Universo é feito de energia escura enquanto que 25% é matéria negra. Neste cenário a matéria das estrelas representa apenas 0,5%, enquanto que os átomos mais pesados do que H e o He são apenas 0,03%. Ou seja, somos feitos de restos. É espantoso que assim seja.

Sendo assim, a quantidade de matéria escura juntamente com a matéria visível não serão suficientes para travar a expansão cósmica. Viveremos então num Universo em expansão eterna.

A busca da matéria escura começou nos anos 30, quando se percebeu num enxame de galáxias que a massa visível nesse enxame não era suficiente para justificar a coesão do próprio enxame. Tinha que haver massa escondida. Mais tarde outras pesquisas confirmaram a existência de matéria invisível em redor de galáxias. Não se sabe ao certo qual é o principal constituinte da matéria escura, mas parece que pode ser algo diferente da matéria conhecida. O mesmo se pode dizer da energia escura que parece ser diferente de tudo aquilo que conhecemos. Perceber o que é uma coisa e outra será um dos grandes desafios da astronomia deste século. Mais uma reflexão para o Origens.
 
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08 outubro 2004
Reflexões I
Para onde quer que olhemos no espaço encontramos sempre galáxias. O Universo está cheio delas. Não as vemos a olho nu, tirando uma excepção ou duas, mas ao telescópio aparecem logo como pequenas manchas de fumo branco contra negro do espaço profundo. Não se sabe bem ao certo quantas existem, mas calcula-se que sejam cerca de 100 mil milhões espalhadas por todo o Universo. A Via Láctea é apenas uma no meio desta enorme vastidão.

Em movimento constante pelo Universo devido à expansão cósmica, as galáxias têm tendência a formarem grandes enxames galácticos, devido à acção da gravidade que as atrai. É, por isso, que nós fazemos parte de um enxame de galáxias, dominado pela Via Láctea e pela galáxia de Andrómeda, que são as maiores do nosso enxame local. Mas o Universo está cheio de enxames de galáxias, que se organizam em grandes redes pelo espaço. Perceber como estas grandes estruturas surgiram tem sido um grande desafios da astronomia moderna. Ao contrário do que muitas vezes se apregoa estamos ainda a tentar perceber como nasceram as primeiras galáxias, que tipo de matéria escura estava presente, como nasceu a Via Láctea e por aí fora. É um tipo de mistério que vou abordar no Origens.
 
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06 outubro 2004
Viver no centro
Sempre disse que o centro da Via Láctea não era bom para viver. Que era muito confuso, que havia por lá muitas supernovas. Viver é na periferia. Aqui sim, vale a pena comprar casa. Um estudo recente veio confirmar isso. Estou por isso a pensar em vender tudo o que tinha comprado no centro da galáxia. Se alguém estiver interessado é só dizer.

 
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